quarta-feira, 20 de outubro de 2010



Esperar o fim. É somente isso que resta agora, os moveis da minha casa intocáveis, a garrafa de vinho esperando uma ocasião especial nunca aberta, as pessoas que se foram para tão distantes que mesmo na memória já estão quase como um sonho e não mais um lembrança, a vida toda em si já se passou diante dos meus olhos, nada mais tenho a não ser a única vontade de me sentar na cadeira de balanço e ver a chuva cair. Levantar toda manha de minha cama abrir a janela e saudar o maravilhoso dia que se ergue em minha frente é sem duvida a atividade mais dolorosa que já me pus a fazer, sede de viver coisas novas e de esperar novas mudanças já não tenho, mas se pensar bem na verdade nunca tive a mudança nunca foi um habito muito bem visto por mim. Tudo esta como devia estar, a vida passando no limear de minha casa e eu vivendo nas minhas memórias, não que as pessoas ou o mundo de agora sejam piores que os de ontem, mas sem duvida os meus olhos já não estão mais tão abertos para enxergar as belezas de tudo. Talvez esse seja o meu problema esqueci como se faz para ver a beleza da vida, mas esse não é um problema é só a minha forma de olhar a vida. É tão diferente tudo agora, nem mesmo a minha cadeira de balanço é igual ate mesmo ela já esta gasta e quase quebrando, o disco que rola na vitrola já entrava varias vezes de tantos risco que a agulha já o fez tudo muda ou como diz uma cantora latina todo cambia, em espanhol parece aos meus ouvidos menos trágico. Mas não importa meu descontentamento com a vida isso não me impede de forma alguma de viver, não da maneira que todos conhecem ou vivem, mas sim de uma maneira somente minha viver das minhas lembranças. Uma vez eu li em um livro que o céu seria como um filme onde podemos reviver todos os momentos felizes que tivemos na nossa vida, para ser sincero nunca acreditei em céu, mas posso dizer que fiz da minha vida um céu. Levantar e sair para caminhar e aproveitar o dia esta bem longe de ser tão agradável quanto me sentar e lembrar todas as vezes que sem sono e de madrugada eu me pus com meus amigos a andar pela cidade já adormecida blasfemando contra tudo. Obviamente conhecer novas pessoas é uma atividade incrivelmente apaixonante, porem não se compara a convivência com todas as pessoas que depois de anos de convivência estão, ou estavam, ao meu lado. Sem duvida passar uma noite em um cinema é uma atividade um tanto divertida, entretanto não se compara com poder se deitar na grama do jardim de uma praça deserta as duas da manha com um grande amigo e tomar um quente copo de café esperando o dia acordar ao som de Blackbird e Eddie Vedder. A sede pela vida hoje não me é menor do que quando tinha cinco anos, pelo contrario hoje minha vontade por viver esta maior ainda, porem eu vivo ao contrario, me é muito mais prazeroso sentar na varanda com minha velha cadeira tomando meu amargo café e passar o dia e a noite toda vivendo das minhas lembranças, pensando em todas as pessoas que eu amo e que não estão mais perto, lembrando os momentos de alegria, as conversas, os segredos revelados no olhar, os abraços e sorriso sempre verdadeiros, as brigas e lagrimas tão sinceras. Não estou morto, porem vivo daquilo que há de melhor em mim, as lembranças de todas as pessoas maravilhosas, ainda que imperfeitas, que já passaram por minha vida, me alimento das lembranças daquilo que foi e hoje não é mais, a saudade é meu sentimento vital é a roda que move minha estrutura. Não pensem por isso que não levo amor comigo, de amor sou um pote transbordado por isso deste não sinto falta, me alimento da saudade alegre, pois com ela tenho sempre comigo as pessoas que amo e com isso mais amor. É evidente que muitas das vezes meu dia é regado a salgadas lagrimas e um aperto no peito por saber que a lembrança só mantem viva algo que já foi perfeito, mas que hoje só existe em mim. Porem toda madrugada depois de velar tranquilamente a sono do sol, eu me ponho a desejar que um dia, em algum ano distante quanto o fim for mais que um desejo da minha alma, eu possa rever todas as pessoas e lugares da minha lembrança, que eu possa sentir na pele o contado e por meus olhos naquilo que me é mais belo. Um dia toda lembrança vira fato e o fim se consome e eu já não mais sentarei na minha cadeira nem abrirei meus olhos, muito menos deixarei que um café amargo me encha o estômago. Um dia, aonde não esperarei mais pelo fim e as lembranças ja estarão esquecidas.

Um comentário:

  1. Como vc diria.. Genial!
    Sabe que eu vejo um complemento, o resto da história que eu comecei.. a cadeira de balanço, o café, a chuva, saudade.. enfim, Não tem o q dizer.. ótimo texto amor!

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