sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sem Nome e Sem Sentido




Envolto por uma penumbra celeste vinha um corpo já fatigado pelo campo de batalha, procurava pelas ruas desertas o seu abrigo. Em sua face ainda escorria o sangue de seus inimigos e em seu peito ainda estavam vivas as marcas de sua luta desesperada para viver. Mais um dia havia se passado e ele ainda estava vivo, sua espada já tinha saboreado a carne de milhões de filhos e pais e ele ainda estava de pé, como um herói, de pé e vivo, mas nem tão vivo. Seu corpo fora marcado pela guerra que já durava anos, mas o corpo já não doía mais era em seu peito que a dor era maior, na verdade nem era mais dor era só um vazio, só a morte. Procurava incessantemente por um lugar onde pudesse descansar o corpo e a mente, um lugar quente onde não houvesse nem dor nem sangue, nem homem, nem mulher ou criança contra quem lutar. Subitamente os céus lhe revelaram mais uma surpresa, as gotas de chuva que caiam eram como lagrimas dos anjos que choravam pela vida, lagrimas de uma donzela que choravam por seu amado. A chuva limpava sua face e seus machucados. Em meio aquela tímida chuva o cavaleiro vê uma sombra se abrigar por entre os destroços de uma antiga casa ou igreja, ainda acometido pela euforia da batalha ele se desloca até as entranhas das ruínas em busca do seu novo oponente, o bravo herói passa por paredes que antes possivelmente abrigavam o lar de uma família. Família essa provavelmente igual a que ele deixara em sua terra natal. Barulhos de cacos ao chão interrompem o devaneio do cavaleiro que se vira para procurar o inimigo, ele pega sua espada e enche seu peito de força e coragem para encara sua nova vitima. Uma surpresa. Ele não teve qualquer reação, o desconhecido inimigo era uma mulher machucada pelas marcas de uma guerra. Porem ainda sim era bela a mulher, seus cabelos negros desciam para alem dos ombros, o seu corpo era detentor das mais lindas formas de pecado, seus olhos negros fitaram os olhos do cavaleiro e por um instante tudo sumiu a guerra, a dor, a tristeza, a morte tudo sumiu no encontrar de olhos. O cavaleiro se aproximou um pouco os olhos cheios de medo da moça se abaixaram o cavaleiro põem a Mao vagarosamente sobre a face da mulher e levanta seu rosto e olha fundo em seus olhos mais um vez. Toda a sanidade do cavaleiro havia acabado ali. Ele se aproxima dela, pensa que provavelmente aquela era um nativa vitima da guerra, os olhos da moça ainda estavam fixos no dele e num ato inesperado ele começa a beijar-lhe os lábios carnudos e se delicia com o corpo da jovem. Para sua surpresa ela não resistiu simplesmente se entrega ao desejo. O cavaleiro deixa sua espada cair, nesse momento nada mais importava alem do amor daquela desconhecida, as unhas dela marcaram seus corpo assim como as armas de seus compatriotas, seus gemidos não eram de dor e sim de prazer. O cavaleiro percebe então por um momento que uma das mãos da donzela começa a se perder de seu corpo e antes que ele tenha qualquer reação à mão da moça encontra a espada do rapaz caída e num golpe desajeitado e fatal a donzela se torna algoz de seu cavaleiro e grava a espada em suas costas. Aquela moça antes com um olhar medroso agora deixava escapar em sua face todo o seu odeio, o sangue do rapaz escorre pelo corpo, o cavaleiro passa a Mao pela cintura e pega seu punhal para atacar sua inimiga, porem em seu peito algo estranho bate. Uma sensação de alivio e alegria a tempo esquecida, ele solta o punhal e olha nos olhos de sua algoz, provavelmente ela não entende o que ele esta fazendo e na verdade ele também não entendia. Porem ele sabia que com aquela mesma espada ele podia ter matado o pai, o filho, o irmão ou o marido daquela jovem. O cavaleiro sabia que sua espada provavelmente matou o sorriso e a vida de muitas jovens como aquela, então ele desistiu de matar, ele sabia que aquilo tinha que acabar, o cavaleiro sabia que a ultima coisa que ele ia matar era seu odeio e uma guerra sem nome e sem motivo.

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